Democratas irados com Biden após indulto ao filho Hunter

por Carla Quirino - RTP
Anna Rose Layden - Reuters

Um grupo de democratas está furioso com o indulto que o presidente norte-americano concedeu ao filho, Hunter Biden. Entre as críticas que emanam do próprio partido, é afirmado que Joe Biden minou a confiança no sistema judicial. Acusação que o campo democrata desferiu no passado a Donald Trump.

A Casa Branca argumentou, na segunda-feira, que Joe Biden indultou o filho, Hunter, em grande medida para “protegê-lo de futuras perseguições de opositores políticos”.

Porém, após Biden assinar um perdão incondicional para Hunter, um amplo número de democratas juntou-se aos republicanos nas críticas ao ainda presidente. Afirmam que essa atitude minou a confiança pública no Estado de Direito.

Por sua vez, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, enfatizou que esta não foi a primeira vez que um presidente perdoou um membro da família. Bill Clinton perdoou o seu meio-irmão Roger antes de deixar o cargo e lembrou ainda que Donald Trump também indultou o sogro da sua filha, Charles Kushner.
Perdão de última hora colhe críticas

O dedo apontado pelos dois partidos a Biden diz respeito, sobretudo, à mudança de opinião relativamente ao caso de Hunter. Isto porque inicialmente o presidente disse que não interviria no processo judicial que envolvia o filho.

Enquanto os republicanos acusaram Biden de mentir, os democratas ficaram divididos, com o governador do Colorado, Jared Polis, a sugerir que o presidente estava a colocar a família acima do país e o ex-procurador-geral dos EUA, Eric Holder, a dizer que o perdão era justificado.

O deputado democrata Greg Stanton, do Arizona, sublinhou que, embora respeite o presidente, considera “que ele errou desta vez”. “Esta não foi uma acusação politicamente motivada”, disse Stanton no X. “Hunter cometeu crimes e foi condenado por um júri dos seus pares”, concluiu.

Por sua vez, um ex-assessor da Administração norte-americana, citado na CNN, sem ser identificado, referiu: "Quem quer que estivesse perto do topo da hierarquia sabia que Biden provavelmente iria fazer isso. Porque fingimos o contrário?”.

Um outro ex-alto funcionário da Casa Branca declarou que grande parte da equipa de Biden estava "convicta" de que o presidente acabaria por perdoar o filho. Outro ex-funcionário do Governo Federal colocou a questão desta forma: "Era extrema e dolorosamente óbvio que era aqui que as coisas acabariam".

“Como pai, compreendo”, acentuou o deputado Greg Landsman, um democrata de Ohio, no X. “Mas como alguém que quer que as pessoas acreditem no serviço público novamente é um retrocesso”, acrescentou.

Também o movimento Black Lives Matter se expressou numa publicação na rede social X: "Joe Biden tem uma oportunidade de fazer mais do que proteger os seus. Ele pode estender a mesma compaixão que demonstrou ao filho aos milhões de pessoas presas por crimes não violentos".

Em sua defesa, Biden argumentou, ainda no domingo, que o filho foi processado seletivamente e tratado de forma diferente de outros com situações semelhantes: "Nenhuma pessoa razoável que olhe para os fatos dos casos de Hunter pode chegar a qualquer outra conclusão. Hunter foi destacado apenas porque ele é meu filho — e isso é errado".
Trump aproveita a deixa

O presidente eleito Donald Trump não criticou diretamente o indulto de Hunter Biden, mas já acenou com a intenção de vincular o perdão do presidente Joe Biden ao filho aos acusados de terem participado no motim de 6 de janeiro de 2021, durante a invasão do Capitólio. 

Trump alega que os suspeitos também deveriam ter o cadastro limpo.
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